quarta-feira, 13 de novembro de 2013

4° TRABALHO
O JAVALI DA MONTANHA
DO ERIMANTO
O Mito

A Arcádia era a região mais atrasada de toda a Grécia Antiga. Uma população de vida simples ocupava aquelas terras onduladas de montanhas - por isso mesmo pouco habitadas – e vivia quase exclusivamente do pastoreio. O bucolismo de suas paisagens – cercadas de montanhas, de picos nevados no Inverno, extensos vales e caudalosos rios – era enriquecido pela presença de um povo alegre e simples e pela faceirice e colorido de suas encantadoras pastoras – de saias rodadas e grandes chapéus de abas largas – inesgotável manancial de inspiração dos artistas e poetas gregos de então.

Era, a Arcádia, a única região de toda a Grécia a possuir o seu próprio deus, Pan, o deus da Natureza, de chifres e cascos de bode. Filho do deus Hermes com uma ninfa, era o protetor dos pastores; tocando sempre a sua flauta de bambu, fazia multiplicarem-se os rebanhos de criação de gado da região.
Longe dali, em outras terras, de imensas pradarias, descansa Hércules despreocupadamente, em direto contato com a natureza, o que lhe traz enorme bem-estar. Após a realização de cada tarefa – é ensinado – o herói, o aspirante, o discípulo, precisa descansar; repousar, meditar, refletir sobre os ensinamentos recebidos e experiências adquiridas na realização das tarefas anteriores; necessita ir buscar na quietude de sua introspecção, os elementos que o ajudarão no enfrentamento de futuras tarefas. Hércules espera, assim, o próximo chamado de Euristeu.
A deusa Hera, lá da sua esplêndida morada, acompanha os passos do herói cá na Terra. Com o vibrar de sua poderosa mente de deusa, projeta para Euristeu o próximo trabalho para ser realizado por Hércules. De repente, como se despertado de um sonho – suas reflexões – recebe Hércules um chamado de Euristeu. Desloca-se, então, para Micenas, apresenta-se em palácio, ao Rei.

- Fui informado que na região da Arcádia apareceu um gigantesco javali. Ele habita no alto da Montanha do Erimanto. Dizem ser um monstro enorme. Está devastando a floresta – derrubando as árvores em suas furiosas passagens – e assustando, assombrando todos os habitantes da região. Eu quero que você vá lá e traga esse javali para mim. VIVO! – Ordena Euristeu.

Hércules não discute. Como sempre, curva-se humildemente perante Euristeu e retira-se de palácio. Vai cumprir a sua tarefa, realizar o seu quarto Trabalho. Sai e vai meditar, vai refletir. Aquietando a mente, busca o discernimento para saber como agir. E pensa: “primeiro Euristeu me manda matar o leão da Nemeia que vivia escondido numa imensa e escura floresta; depois me manda destruir a hidra, do fétido pântano de Lerna... e eu matei os dois monstros. Agora, quer que eu vá buscar esse gigantesco javali que apareceu na montanha do Erimanto... E quer que eu o traga vivo...” Hércules assim refletindo, meditando, pensando, vai usando o discernimento e lembra-se dos ensinamentos passados pelos deuses – seu Eu Superior e conclui:

“Não! Euristeu não deve estar bem informado sobre esse javali. Ele pode até existir e certamente existe. Mas não deve ser monstruoso como dizem! Pode estar assombrando as pessoas simples da região, assustando, talvez, pelas suas dimensões, pela sua forma, pela sua maneira misteriosa como apareceu...”

Assim pensando parte Hércules para a região do Erimanto, preparado, munido de todo o cuidado, disposto a não deixar passar despercebido qualquer possível indicação dos aspectos do gigantesco javali.
E parte ele no alvorecer de u’a madrugada, após noite de profunda meditação. E, depois de muito andar, dias e noites e à medida em que vai andando, vai aos poucos avistando, lá longe, os picos das montanhas que marcam o início da região da Arcádia, separados, naquela distância, por imensos e lindos vales, cobertos de vegetação.
E dias e noites atravessando imensos vales daquela região, é Hércules despertado, nas madrugadas, pelos alegres cantos da colorida passarada que saúda sempre, como uma afinada orquestra de mil instrumentos, o nascer do novo dia. Banha-se, ele, nos caudalosos rios de águas límpidas, plácidas, tranquilas ás vezes, em seus longos leitos, e, por vezes, rápidos e violentos quando espremidos por entre estreitas gargantas; ou, ainda, precipitados, cobertos de brancas espumas, nas altas cachoeiras. E o Sol, o Carro-de-Apolo, aquecendo durante os dias com os seus raios luminosos, aquele magnífico cenário de cores e vida.
Durante o Inverno as chuvas caem em permanente precipitação, regando a terra e trazendo a fertilidade; fazendo brotar, das sementes, a abundância para a manutenção da vida. E, às noites, ao contemplar, solitário a magnitude do firmamento pontilhado por miríades de estrelas, diamantes cintilantes que formam o colar da criação, toma Hércules consciência de sua enorme pequenez, da insignificância do ser humano, perdido nesta deslumbrante imensidão cósmica. E, na sua longa e solitária caminhada, meditando, pensando, refletindo, vai descobrindo, em toda a parte por onde vai passando, a manifestação da presença de Deus, através da sua criação.
Percebe, Hércules, que Deus está em toda parte. Nos cantos alegres ou melancólicos dos pássaros; nas montanhas, nos vales, nos rios de águas tranquilas; de torrentes violentas; ou nas altas cachoeiras; no brilho do Sol, no cair das chuvas e da neve, no cintilar das estrelas, nas infinitas amplidões do firmamento; no sentimento de profundo amor universal que o ser humano possui, guardado no mais íntimo do seu coração.
E assim pensando, meditando, chega Hércules ao sopé da Montanha do Erimanto e inicia a subida na busca do javali. E os vestígios da presença do javali vão aumentando cada vez mais. Está Hércules já nas proximidades do topo da montanha quando se inicia o período das nevascas e ele espera a tempestade passar. Passada a tempestade, a brancura da neve cobre todo o cume da montanha. Hércules retoma, então, a subida e vê, na neve caída no chão, as pegadas do javali. Segue ele as pegadas na neve e seguindo-as chega às proximidades de uma gruta existente no cume da montanha. Hércules para em frente à gruta porque as pegadas não a adentram. Inicia-se o período do Inverno e Hércules espera, pacientemente, em frente à gruta.
As chuvas caem torrencialmente e descem pelas encostas da montanha, indo alimentar, lá embaixo, as torrentes dos caudalosos rios. Hércules continua, pacientemente a esperar. Com o advento do Inverno, chega o javali para hibernar, lá dentro da gruta. Entra ali e dela não sai mais. Hércules espera, pacientemente, o Inverno passar, e passado o Inverno, entra cauteloso na gruta e vê, lá no fundo, num canto iluminado por uma réstia de sol que passa por uma fresta na gruta, o javali que ali dorme. Hércules acerca-se, sempre cauteloso, dele, e o contempla no seu sono hibernal.
E percebe Hércules não ter tido necessidade de usar suas armas para a conquista do javali. Está ele, ali, dormindo à sua frente. Aprendeu Hércules naquele instante que para se ter acesso aos símbolos sagrados, o ser humano não precisa munir-se de quaisquer tipos de armas. Precisa, sim, de cultuar um sentimento de sublime comunhão e equilíbrio com as manifestações divinas que se espalham por todos os recantos do Universo: do fluir das gigantescas galáxias nos confins do firmamento às minúsculas vidas unicelulares que se formam na Terra. Todos regidos pela Lei do Tao, o “Princípio Único” – a Magna Carta do Cosmos – de onde todas as demais leis são emanadas. E, igual ao apóstolo Paulo no caminho de Damasco, envolvido por enorme sentimento de felicidade por haver descoberto o grande segredo da revelação divina, pensa num meio de conduzir o Javali à presença de Euristeu, para cumprir a sua tarefa. Depois de muito pensar, descobre finalmente um meio:

- “Se eu suspender as duas patas dianteiras dele e deixar as outras duas no chão, poderei conduzi-lo como se fosse uma pessoa caminhando, ajudada por minhas duas mãos. Ele vai assim usando as duas patas traseiras e as minhas pernas como se fossem as suas duas patas dianteiras...”.

Hércules levanta então as duas patas dianteiras do javali adormecido e, assim, o vai conduzindo pela mão, vagarosamente, para fora da gruta. E vai descendo a montanha, levando o javali suspenso pelas mãos, deixando agora, nas marcas da neve, a mistura das pegadas do javali com as suas.
E andando assim, aquele estranho par, chega à planície, onde Hércules é vítima das maiores zombarias. Das maiores chacotas de quantos veem passar aquele homem musculoso, gigantesco nos seus três metros de altura, metido numa pele de leão (da Nemeia) conduzindo de maneira tão estranha o enorme Javali (que antes assombrava todo mundo, agora divertia todos) adormecido.

- Este homem é um louco! – Comentam uns.

- Onde já se viu uma coisa destas?! – Dizem outros.

Os comentários e zombarias são generalizados. E Hércules naquele caminhar, conduzindo pelas mãos um símbolo divino, vai sendo envolvido por um grande sentimento de bem-estar, de autoconfiança, movido por uma sensação de quem está andando no caminho certo.
Recorda-se Hércules dos ensinamentos de Apolo, no Oráculo de Delfos: “Homem, conhece-te a ti mesmo!” E para isso ele não precisa de armas. Basta seguir as pegadas deixadas no seu coração pela brancura da neve, e subindo a montanha da fé, chegar à caverna onde está adormecido o Javali. Conhecendo-se a si mesmo, conhece o homem, a qualidade divina que existe dentro de si mesmo, que existe dentro dele. Lembra-se ainda, do que lhe dissera o Oráculo de Delfos e sente, Hércules, que ele não é apenas um ser isolado, caminhando sozinho; um homem andando a esmo, solitário, mas que ele faz parte da Unidade Primordial, da Grande Fraternidade dos Filhos de Deus e cuja centelha incidindo por uma fresta aberta na caverna do seu coração, vai mostrar a Presença Divina que, eterna, ilumina a consciência dos seres humanos e os conduz no caminho de volta à morada do Pai.
E Hércules, conduzindo cuidadosamente o Javali pelas mãos, atravessa, feliz, as imensas planícies, ouvindo o canto dos pássaros nas madrugadas, o rumor das caudalosas correntes dos rios, o som das imensas cachoeiras; sentindo as chuvas que caem, o sol que brilha no céu, e, às noites, contempla extasiado o firmamento infinito. E sente que Deus estando em toda parte também está nele e com ele. E assim pensando, sente-se profundamente renascido. Chega a Micenas, apresenta-se em palácio com o Javali e diz:

- Trabalho realizado!

Euristeu, morto de medo, corre e vai se esconder no vaso de bronze. Pede então a Hércules que leve o Javali de volta para a Montanha do Erimanto. Hércules atende ao pedido de Euristeu. Leva de volta o Javali para a montanha do Erimanto, onde a população acostumara-se – nas passagens de Hércules – com a presença do javali; familiarizara-se com ele vivendo no alto da montanha; desapareceram os medos e assombros e com eles os danos e estragos – as devastações – que antes todos imputavam ao Javali do Erimanto.

Simbolismos e Ensinamentos

Hércules ao meditar e lembra-se dos ensinamentos dos deuses - seu Eu Superior – imagina que Euristeu não deve estar bem informado sobre a monstruosidade do Javali do Erimanto, porque aprendera, naqueles ensinamentos, ser, o Javali, um símbolo do poder sagrado, na Mitologia Hinduísta. (E aqui há outra conexão, um entrelaçamento entre as mitologias grega e hindu). Conta o Mito hinduísta que Brahma, o Supremo Criador, a mente cósmica criadora do Universo, ao ver sua criação (os seres humanos) perder-se nas águas (do dilúvio), quer vê a origem do fenômeno.
Dos mais altos páramos, surge imediatamente gigantesca coluna de luz condensada que desce e desaparece mergulhando no oceano. Brahma se transforma num pássaro e voa alto, muito alto, vai ás alturas infinitas ver de onde surgiu aquela coluna. Depois transforma-se num javali e desce às profundezas mais abismais do oceano.
“Se Brahma transformou-se num javali, representa o javali o Poder Espiritual” - conclui Hércules – e, portanto, jamais poderia estar causando quaisquer males”. A imensa coluna de luz condensada que, surgindo do infinito, desaparece nas profundezas oceânicas, simboliza a ligação do poder espiritual (o ar) com o aspecto material (a água). É a polaridade espírito/matéria. Energia gerada do enorme poder da vontade de Brahma e criadora da humanidade.
Hércules ao conduzir o Javali com as patas dianteiras no ar – em suas mãos - e as patas traseiras no chão, (misturando suas pegadas com as dele) faz a ligação céu/terra; o equilíbrio yin/yang; a interação Alfa/Ômega. Trouxe, assim, Hércules, o poder espiritual para o dia a dia de sua vida.
O leão da Nemeia e a hidra de Lerna são símbolos próprios de níveis inferiores. O leão habitando numa densa  floresta, deixa a marca de suas patas na lama do pântano; a hidra vive num fétido pântano (água e terra). O javali do Erimanto habita o alto de u’a montanha. O alto simboliza sempre o elemento divino. E o caminhar subindo a montanha, significa, no aprendizado da espiritualidade, o caminho da evolução espiritual. No Bhagavad-Gitã, Krishna, (o deus) diz para Arjuna (o guerreiro): “Não importa quais os caminhos que chegues ao cume da montanha, porque todos eles são meus”.

(O Javali está assustando e assombrando todos os habitantes da região)

As manifestações divinas assombram, amedrontam àqueles que ainda não despertaram suas consciências para os aspectos divinos (o assombro da população nas passagens de Hércules). Todos nós procuramos Deus, falamos de deus, mas são verdadeiramente raríssimos os que possuem consciência da verdadeira presença divina que está em todos os lugares, como descobriu Hércules, meditando, pensando, refletindo. E nós por ignorância a deformamos, a deturpamos, (os “estragos” atribuídos ao javali, as devastações), deformações e deturpações que desaparecem quando, conscientes, percebemos a divina presença que nos envolve por todos os lados.

(Os vestígios da passagem do Javali do Erimanto)

Hércules observa nas pegadas deixadas na branca neve (neve cai do céu) que cobre de branco (o branco é a presença de todas as cores, símbolo do absoluto) todo o cume da montanha e se espalha com abundância, e espera, pacientemente, passar a nevasca e o Inverno. Nós devemos respeitar as leis divinas - aguardar que o divino nos mostre o momento que devemos agir – se quisermos vislumbrar a réstia de luz que incide dentro da caverna e ilumina o javali (o Poder Divino) que dorme o seu sono hibernal dentro de nós, na caverna do nosso coração.
Devemos ter paciência e não tentarmos (sempre sem sucesso) precipitar ao sabor das nossas ansiedades, os impenetráveis mistérios que envolvem a infinita Sabedoria divina. Temos, sim, humilde e pacientemente, de cultuar, respeitar as manifestações divinas, e tentando usar o discernimento – pensando, meditando, refletindo; aquietando a mente – aplicar o grau de sabedoria que cada um possuir, com muito esforço, muita fé, dedicação, amor, perseverança, e cautelosamente adentrarmos a caverna do nosso coração e erguemos, com as mãos, o Javali do Erimanto que habita em todos nós.
As chacotas, galhofas e zombarias que Hércules ouve por onde passa conduzindo o javali, representam exatamente, o que acontece no dia a dia de quem é despertado pelos sentimentos das forças espirituais.

Ao ser tocado pelo halo das energias espirituais, aquele ente humano já não consegue mais sintonizar-se com as antigas vibrações, mais densas. As motivações anteriores acabaram-se, surgindo novas, vibrando em outras frequências e dimensões. Os hábitos mudaram e aquele ser passa a ser observado como uma pessoa diferente, esquisita, fora dos padrões comuns. Este novo comportamento, voltado, na maioria das vezes, para preferências fora do contexto comum – conflitantes, geralmente, com o ambiente em volta – gera constantes críticas e muitas vezes chistes, zombarias e comentários.
- Fulano, coitado! Tem tudo pra curtir uma boa! Tão inteligente... preparado... No entanto se meteu agora com essas coisas de religião... Tá ficando louco de pedra! Daqui uns dias vai passar por aqui carregando um enorme javali hibernado!...
No Leão da Nemeia Hércules usou o discernimento intelectivo inferior; Na Hidra de Lerna usou ele o discernimento em níveis mais elevados, em planos mais sutis. Aplicou, já, os ensinamentos dos deuses. Na Corça dos Cascos de Bronze e Chifres de Ouro ele aprende a lição dos perigos da presunção e se depara com a presença divina (a corça ferida). Reconhece, ele, o erro cometido, e, usando o discernimento – após meditar, pensar, refletir – entrega, acertadamente, a corça à sua legítima dona.

Neste seu quarto Trabalho ele já navega em planos mais altos. Presume logo – graças aos conhecimentos que começa a acumular – que Euristeu devia estar mal informado sobre a monstruosidade do javali do Erimanto; percebe, intuitivamente (é, a intuição, um nível intermediário entre o intelecto e o espírito), a presença da criação divina em todos os lugares. Vê, com clareza, as pegadas do javali na brancura da neve e espera, pacientemente, passar a nevasca e o Inverno, para, então, entrar na gruta e ir encontrar o javali iluminado por uma réstia do sol, lá no fundo da caverna. Se ele, sofregamente, houvesse adentrado a caverna no período do Inverno, aquela réstia não estaria ali para iluminar o javali hibernado, o poder espiritual que habita dentro de nós, e Hércules, simplesmente, não o teria encontrado.
Nos 12 Trabalhos, à medida em que os realiza, vai Hércules, como se subisse uma escada, (a da evolução espiritual), galgando, degrau por degrau (descendo, ás vezes, no caso da Corça dos Cascos de Bronze e Chifres de Ouro – que não chegou a ser uma queda; ou, mesmo caindo, como vai acontecer em trabalhos futuros – para depois levantar-se), vai ele, etapa por etapa, tarefa por tarefa, Trabalho por Trabalho, enfrentando as dificuldades, os obstáculos que vão surgindo, e continua caminhando sempre na busca da perfeição espiritual. 
Nestes Trabalhos já realizados ele buscou conhecer-se a si mesmo, como o único meio de chegar ao Divino. A partir de agora, não mais como um simples aspirante, entra ele no caminho do discipulado. Consciente desta condição, vai aplicar os poucos conhecimentos já adquiridos e os muitos que ainda precisa conseguir, no alargamento da senda que o levará à iluminação espiritual e à imortalidade.

(“A criação do céu e da terra e de tudo o que neles se contém”. Gênese)

No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo. E o espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz! E houve luz. E criou Deus a expansão, separando as águas que estavam em cima das que estavam embaixo e chamou a parte de cima céu e a parte de baixo – solidificada – terra. E disse Deus: produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. E disse Deus: haja luminares sobre a expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite. E assim foi. E fez as estrelas. E disse Deus: produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias e todo réptil de alma vivente. E Deus os abençoou, dizendo: frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e as aves se multipliquem na terra. E disse Deus: produza a terra alma vivente; gado e répteis, e bestas feras da terra conforme sua espécie E assim foi.


E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e sujeita-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra. E toda a árvore em que dá fruto de árvore que dá semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo réptil da terra em que há alma vivente, toda erva verde será para mantimento. E assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito e eis que era muito bom. E foi a tarde e manhã do dia sexto. No sétimo dia ele descansou (Gênese – Velho Testamento, o primeiro livro de Moisés).

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